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Mostrando postagens de abril, 2020

Igual mente

Sou filha do mato, caminho na terra Pra tudo que faço, existe uma reza Sou filha do tempo, laçada no mato E muito se engana, quem pensa que parto Eu curo a terra, assim me refaço Em tudo que comes, existe meu rastro Sou filha do vento, e levo sementes Em tudo que mentes, farejo teu rastro Sou filha do mato, te dou teu veneno Em tudo que benzo, limpo teu rastro E não me arrependo, justiça te faço Devolvo teu pranto, que me arrancaste Por mais que devastes, é a ti que te arrasas Eu corto tuas asas, e te acompanho Rastejas na terra, escuto teu pranto Eu curo tua mágoa, se te arrependes Não faças piada, escuta minha gente Sou filha da terra, eu vim pra semente Por mais que te enganes, meus filhos não mentem Escuta minha gente, eu vim pra semente E se te arrependes, ainda te flores. Sou filha da terra, a mim tu não fodes. Escuta minha gente, eu vim pra semente Se tu me fodes, eu fodo a tua gente. Escuta minha gente, eu vim pra semente E se tu me fodes, eu fodo

Filha da terra

Quero muito me encontrar... Procuro pela minha verdade num mundo de pós-verdades e notícias cheias de mentiras... Ainda falo em português, pareço ser uma das últimas que ainda segue utilizando esta língua... Mas tenho me aberto à outra, a nova colonização, já não é a primeira, oxente xamã mirim, agora o fim é the end... Quem entende... Quem me entende?... Já pouco importa, farejo o cheiro da minha verdade... Eu busco nas minhas histórias... Quero dar cursos, fazer aulas, lives, vlogs... Procuro no acervo, de tudo que estudo, de tudo que vejo... Ainda não tem a cara da minha gente... Ainda não tem a cara da minha gente... Minhas mulheres ainda não tem voz... Nem rosto. Talvez tenham nome. São essas marias que benzeriam e saberiam bem ao certo a reza braba, o alimento santo, o chá da terra pra curar essa peste. Saberiam curar os corações feridos da morte, guardando bem os mistérios da vida e do além... saberiam dizer que o barco que traz é o mesmo que leva e que ninguém há de partir sem

Happy End

Foi a maternidade que me devolveu a divindade. Nela, eu renasci pro além. Depois de uma quase-morte, eu nasci para vida, decidi entre viver e apodrecer... Eu quase morri denovo... No fundo do poço, me lembrei que era deusa, uma semi-deusa á porta do inferno, eu clamei por socorro à minha parte divina... Eu rastejava na lama da minha mortalidade humana... Tinha dormido com vermes. Agarrada à minha semi-divindade eu encontrei um semi-deus, e dessa junção, conjunção carnal visceral, por intuição, me livrei da maldição, fiz caminho reverso, e na porta do universo, ainda que agora, por hora, sozinha, procriação do gozo da junção das duas partes advinda, eu pari minha nova criação de mim, a deusa hoje que aqui se inscreve feliz.

Sofia não é filha da Ciência

Sinto saudades da minha terra, a terra que nunca tive. De onde parte de mim foi arrancada, laçada... Sinto saudades da terra onde plantaria segredos da minha existência, resistência, sobrevivência... Que me dá o de comer e o de cuidar... Onde rezaria e benzeria... Onde cantaria afim de louvar, agradecer... E onde silenciaria ouvindo as vozes celestiais e ancestrais, espíritos da terra e do céu aconselhar-me sobre a sabedoria a se tirar de tudo isso... Sinto saudades da minha terra inexistente... sinto saudades da minha gente que não é, que não está por aqui... Não que eu não acredite em ciência... É ela que não bota fé em mim.

Corpo fechado

Poesia latente não sai mais da mente, pulsa nos poros, pulsa no sense... Que dizer quando nada mais parece fazer sentido, eu faço poesia pelo ritmo... Coração que bate, bate, bate, pulsa... Ao menos seu tumtumtumtum ainda lhe ouço, faz companhia ao ser solitário em solitária quarentena, mais amena... profecia maia do fim do mundo, saberá lá a deusa o que significa isso tudo... corpos frágeis periféricos ainda sustentam o mundo... Limpam tudo e a dor da impotência que será vista é apenas a do médico, não do gari que tira lixo contaminado... Tudo é sujo, mas uns limpam a sujeira alheia enquanto outros descobrem que sujam... Quem nunca lavou a própria privada não merece a vida... Minha mente indignada não é digna da nova jornada... Putrefada a pureza das good vibes... Eu insana não insisto em esconder meu lado menos idílico... Lhe liberto afim de me libertar... Eu vibro no amor mas às vezes eu rimo na maré do ardor das injustiças... In justiça. Machado de Xangô logo ceifa e nossos corpos