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Mostrando postagens de agosto, 2018

Moça do olhar de girassol

O amor nasce numa metáfora a ser esquecida nas distâncias da vida, mas relembrada num lapso qualquer, daquela música, daquele jeito, naquele tempo... Metáforas emprestadas pra se dizer o como do amar... Mas há metáforas que surgem no coração, como a melodia de uma canção ainda não gravada, como o enquadramento da fotografia ainda não tirada... Há um risco de eternidade nas metáforas nascidas no coração que sente, que não saem da mente. Há toda uma vida ainda pra eu descobrir se conseguirei enxergar ainda o sol no sorriso de mais alguém... Eu, que já nasci moça do olhar de girassol.

Minha poesia, melodia de canções não cantadas

Foi nos dias difíceis que mais me compus, no silêncio do peito moram palavras repetidas que encontram novas rimas no seu rearranjar... Hora ou outra palavra nova, quando o que era se esgota, gota a gota surgem neologismos, advindos de novas lógicas e sentimentos... No caminho da reconstrução, recomponho-me compondo, músicas de ouvidos silenciosos, palavras discretas com ritmo sem melodia, sinfonia da leitura silenciosa, misteriosa sina de ser enxurrada de palavras ritmadas sem querer cantar.

Casa com rede e varanda em frente a mar

Silêncio. Reconstroi a casa ruina de dentro. Sente o vento como brisa, o furacão já passou. Tece amanha, planta, que no devir florece o jardim. Sinta, seja. Você é mulher perfeita, refeita em cima de seus equivocos e imperfeições. Aceita seu amor, de si para si, recompõe o que decompôs, compõe e canta suas próprias canções, música de ser feliz.

Oração insubordinada II

Agradeço os dias de chuva e os dias de sol. Agradeço o barulho das guitarras, a gritaria pra se fazer ouvir além do som, as conversas, agradeço os dias de silêncio e paz. Agradeço cada momento onde eu estive sendo eu, onde resisti em continuar sendo a pessoa que sou, onde não sucumbi a necessidade de pertencer, pq fazer parte do que se é parte é processo natural. Agradeço por minha própria companhia, e pq tive companhia nos dias em que me faltei a mim mesma. Agradeço sem agradar e sem obedecer. Apenas. Aqui, agora, sem para sempre, sem amém.

Sofá de dois lugares

E de repente o silêncio necessário e o não se saber o que fazer... Deixa estar apenas... Serena... Afastando pensamentos que nada resolvem em sua insistência em pensar, acolhendo sentimentos agasalhados, quentinhos, carinhosos... Que se satisfazem em permanecer apenas, enquanto for possível, enquanto não se tornam bagagem a se despachar e ser lembrança ou a acomodar e ser esperança, no cantinho do sofá de dois lugares, ao lado do amor próprio. Tão raro pra essa moça, poucos gestos e silêncios, como sempre já fora tempestade, hoje é bonança. Debaixo de um céu esperança, que chove em cima da seca que ameaça, céu de eclipses e mistérios, entrega-se ao mistério, deixa-se estar. Sentimento lá dentro espera a hora de decidir partir ou ficar.