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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

Carta para o tempo

Procurei em quase todo sorriso tímido pelo qual me encantei a sua timidez, um charme natural. Ainda posso ver você dançando desajeitado, tempos perdidos. Foi ali que eu me encantei, nunca te contei, foi antes mesmo de te conhecer, e a blusa listrada azul e preta, lembrava a do Freddy Krueger. Ainda posso ver seus olhos castanhos, e eu perdida na profundidade daquele olhar que até ali nunca me encarou, e o cinema mudo que se segue nessa cena, até o ônibus do Grajaú atracar. A tempestade que chegou e o guarda chuvas enorme de filme, o som melódico do ritmo da chuva de verão, eu observo o moço tímido com receio do quartel, são dezoito anos e uma estrela do PT no boné. Parece que eu nem ligo, mas observei cada detalhe. Foi a única vez na vida em que eu observei cada detalhe de alguém. A dor do detalhe impregna. Já não chamo mais de dor, chamo de saudade. Saudade tem beleza, felicidade e tristeza, tudo conjugado. E a certeza de que se viveu feliz. E feliz de quem sabe que foi feliz, felicid

Eu quero a sorte do não querer

Eu quero a sorte de um amor tranquilo... Eu quero fruta do pé... Eu quero desfrutar da paz do não querer. Mas teimo em insistir, em não esquecer. Que o raio que o parta, pra que eu parta desse portal perdido no tempo e no espaço. Já fiz promessa, tomei floral, recorri à filosofia e psicanálise e nessa análise material entendi que o amor romântico só faz mal. Que fique passado no passado, pretérito imperfeito. Imperfeito, já deixei até as idealizações. Tudo em vão. Já disse não, nunca mais, até nunca, jamais. Foi tudo blefe... Sigo perdida, sem rumo, tropeçando em rastros virtuais... Se é mito eu mudo, desmistifico, teimo em não arrancar oculta raiz de todo mal... Que farei de mim sem o mito do amor inicial? E como arrancar parte de si pra partir pro carnaval... Seria mais simples se multidões não multiplicassem meus vazis. Sigo assim calada, de asa quebrada a descansar. Vou seguir, na avenida eu vou sorrir, o sorriso bambo do bom samba de Tom, da avenida de quarta de fim. Sorrindo e sa