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A divina dança

 Coração insistente, minha mente te mente, você não entende, coração insistente. Sabe seu próprio compasso, em busca da dança, balança... Tem seu próprio ritmo, eu lhe chamo de teimoso, ele sorri pra mim como quem diz que dessa vida perdida, só ele sabe o caminho... E bate no mesmo compasso. Eu tento mudar o passo, doce ilusão... Ele teima em dizer não, por aí não, segue por aqui, segue por mim... Vida que segue... Eu gosto da música que ele me toca, me divirto com ela a maior parte do tempo... Mas aqui fora parece que as coisas nem sempre seguem sua melodia... O cérebro analisa, tenta por ordem nas coisas, mas essa coisa de ritmo, embora seja matemática, é coisa de feeling e como tal não se traduz... O que eu posso fazer? Além de entender que a divina dança é a divina dança e contra ela nada se pode fazer a não ser sofrer... Melhor então seguir seu ritmo e dançar... Eu reclamo da falta de par, ele me sussurra: dança só... Você é tão linda sozinha na pista, logo alguém vai chegar. 

Espiral

 Gira gira, gira mundo, redemoinho, passarinho, roda da vida, roda da fortuna, afortunados, gira gira, gira gira, dá tontura, que fofura! Gira gira é um brinquedo divertido, mas precisa de amigos pra poder girar... A gira solitária é mais difícil de encarar... Girar, rodar, rodopiar é tão gostoso e dá barato!!... Eu sinto falta das rodas... Das rodas da vida... Das rodinhas... Quando a gente fica adulto a vida às vezes fica meio cinza e a gente anda mais em mais em filas do que se põe a rodar... Gira mundo, vida boa... E por mais que pareça a toa e nem sempre pareça coisa boa, a vida é um eterno rodar e girar em círculos, até que ciclos comecem e se encerrem, quiçá a vida é espiral... 

Aquilo que nunca mudou, por que seria diferente agora?

 Paro em silêncio e nem choro mais... Talvez seja cicatriz diante do que já não sangra... Mas existe um nó na garganta. Talvez seja das palavras não ditas, que como disse Nelson Rodrigues, apodrecem em nós... É por isso que eu escrevo, a melhor versão de mim está nas minhas poesias... É nelas que resolvo as situações insolúveis da minha vida... De que adianta falar a quem não me queira ouvir... Ao menos aqui eu sempre estarei a me ler... E talvez quem precise escutar o que tenho a dizer seja eu mesma... Aquilo que nunca mudou, por que seria diferente agora?... Essa questão me provoca... Um espírito rebelde que sempre fui, que sempre acreditou na possibilidade de mudar as coisas, de mudar o mundo... Render-se ao raciocínio que no fundo é o desafio a se trabalhar: minha aceitação diante da vida... Do inexorável da vida... Embora a realidade da vida seja a mudança... Essa mudança está à margem do nosso controle... Do que queremos, decidimos ou imaginamos... Talvez seja muito melhor do que

A paixão nasce

 Apaixonar-se. A tentação é grande... Entre o certo e o errado, a moral, o bem e o mal, existe a nossa verdade... No caminho da nossa verdade existe a lei do retorno... Aquilo que se planta invariavelmente, se colhe... Amadurecer é talvez comer do fruto doce e do fruto amargo das nossas decisões infantis... Ser infantil é ter a inocência de esconder um doce pra comer sozinho até alguém te mostrar que talvez isso não seja tão legal... O florescer da vida traz consigo muito adubo produzido das merdas que a gente fez... Amadurecer talvez seja aceitar paixões que não se pode viver... E viver amores que precisam de tempo para florescer... O fogo das paixões queima as sementes que com tanto zelo nos dedicamos a cultivar, regando pacientemente... Aceitar esse fogo talvez seja acalenta-lo como brasa... que aquece, ferve, mas não queima... Apaixonar-se é tão lindo quanto perigoso... Chega uma hora na vida em que a gente só quer horas simples, plenas de paz... Sem perigos. Viver paixões vai fica

Vozes

 Quando não sei o que dizer, quando não sei o que fazer, eu escrevo... Linhas, caminhos... Trilhas que se transformam em enredos... A vida tem a beleza das palavras... A vida tem a leveza das palavras e tem seu peso também... Verbalizar, falar, pesa... Gasta.. Entrega. Existe beleza nas palavras, existe denúncia nas palavras. Quem cala, com sente... Quem fala, será que se entende... Poderia ser de voz, poderia ser de vez, poderia ser a sós, poderia ser sexy... Poderia ser sobre o caos das palavras bárbaras que inundam as redes sociais nesses dias desleais... Poderia ser a voz da re-existência, renascemos. Mas eu nem sei de qual voz quero falar, de qual vez, dos meus ideias, sentimentais e sei lá mais o que... Só quero sair do silêncio... As vozes da cabeça talvez enlouqueçam, mas a voz do coração... Emudece e cala. Ela espera da gente atitude. Não tenho palavras. Nem tenho atitude, Também já nem tenho lágrimas... Ao menos ainda tenho versos... Não fio da poesia eu lapido minhas perdiçõ

Sentido

 Enquanto a vida não faz sentido eu escrevo. Coisas vãs, coisas sãs e outras loucuras também. No sense. Ou seria o caos o próprio teor da vida? Que sentido faz o rio que estamos, quando cá estamos, nem sabemos seu curso nem seu devir. E me desafia fazendo redemoinho quando eu calmaria... - Avia minina! Te a cor da, bota cor nessa Vida! Arreda logo de sonhar em preto e branco que a Vida num é cinema mudo não! Te abesta não, sente o sabor da fruta, pare de viver de imagina ação! A Vida é uma voz rouca (uma voz louca?!) que me sussurra verdades, durezas e certezas tal qual um narrador que conta minha própria história.  Quando a vida não faz sentido eu lhe transcrevo. Ela diz que a vida é sentida, ela é o próprio sentido. - Te avexe não minha filha, o rio que segue na tua estrada tem a grandeza de Deus. (Ou da Deusa, como tu prefere chamar). É água farta. Fartura é a sina da tua estrada e quando tu perde o sentido, é porque tem sentido. O sentimento é teu lar, e tuas palavras são escritas

SerVida

 Eu, toda feita de barro, tal como artesanato, me moldo, me faço e refaço. Às vezes aos cacos que derreto no fogo bravo da Vida, me dou novas formas, novas fôrmas. Eu, feita de barro. Me pinto, celebro no colorido tinto, no colorido vivo que a natureza dá. Eu, toda feita de barro, seria feita pra enfeite? De que matéria é feita a Vida, pra que servimos todos nós? Haveríamos de sermos feitos para enfeite? Eu, toda feita de barro, enfeito a natureza. Que resistência temos em sermos ornamento, sermos feito tal qual paisagem. Acaso não sabemos que o mesmo fruto, a mesma flor que enfeita é feita pra multiplicar vida. Pra multiplicar Vida. Ser Vida. Eu, toda feita de barro, Ser Vida, sendo a xícara que carrega a água que mata a sede, quem sabe, dos vermes que me comerão a fria carne. Eu, toda feita de barro, enfeito a Vida de quem me tenha feito. Sou feito pássaro engaiolado no tempo presente, no corpo presente. E canto. Eu, toda feita de barro rejeito ser vir de recipiente à agua parada e f