Final Feliz

Ela está lá, com seu chapéu de bruxa e seu caldeirão... Sua bola de cristal, com arco-íris ao centro, mostra que a vida deve fluir... Talvez fora noite de Lua Cheia, mas nesse momento ela míngua... Lhe pede que deixe a energia ir... Seu ralo de bruxa lhe cochicha para mandar a energia ruim embora... Varra, com a vassoura de bruxa... A gata Ametista lhe observa profundamente, lhe passa entre as pernas... Ela sabe que se comandasse um rubi bem lapidado daria fim a essa dor... Mas Ametista lhe olha... O cálice de Ametista com quartzo leitoso a acalma... O rosado a lembra que está ali... Ela olha ainda uma vez pela janela... Ele caminha sem olhar pra trás... Com sua roupa de soldado, rumo a floresta... Ela sabe que poderia ter lhe roubado a alma toda... Embora tivesse ficado com um pedaço dela... Que ela tb sabia mandar partir, mas como ele lhe deixara de vontade inconscientemente própria, ela na verdade não queria se desapegar... Saberia que isso a faria lhe encontrar ainda outras vezes no caminho, ainda que o caminho inevitável da vontade própria fosse sempre o da partida... Não haveria como mudar essa narrativa... Ao menos escolhera não contrariar as leis da existência, aprisionando alma guerreira caminhante, cujo fim último é ser viajante... Ulisses devia partir. Colheu seu rio de lágrimas... Transformou-a em lágrima de fada lilás. Montou na vassoura, viajou pelo mundo.

Comentários

Gugu Keller disse…
A ironia é ser a estrada tão à sorte quando a chegada bem se sabe sempre a morte.
GK

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