Eu quero a sorte do não querer

Eu quero a sorte de um amor tranquilo... Eu quero fruta do pé... Eu quero desfrutar da paz do não querer. Mas teimo em insistir, em não esquecer. Que o raio que o parta, pra que eu parta desse portal perdido no tempo e no espaço. Já fiz promessa, tomei floral, recorri à filosofia e psicanálise e nessa análise material entendi que o amor romântico só faz mal. Que fique passado no passado, pretérito imperfeito. Imperfeito, já deixei até as idealizações. Tudo em vão. Já disse não, nunca mais, até nunca, jamais. Foi tudo blefe... Sigo perdida, sem rumo, tropeçando em rastros virtuais... Se é mito eu mudo, desmistifico, teimo em não arrancar oculta raiz de todo mal... Que farei de mim sem o mito do amor inicial? E como arrancar parte de si pra partir pro carnaval... Seria mais simples se multidões não multiplicassem meus vazis. Sigo assim calada, de asa quebrada a descansar. Vou seguir, na avenida eu vou sorrir, o sorriso bambo do bom samba de Tom, da avenida de quarta de fim. Sorrindo e sambando o inevitável. Não é lamento nem nada, nem dor nem destroços, é o gosto do inalienável da vida, do inexorável, daquilo que não pode ser e se deve aceitar que não dá. Sinto o gosto do beijo não dado do único ser que já me fez pensar "e se". O efeito borboleta e o caos, seguimos a nau, desir.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A divina dança

Espiral

Blues Mulher