Gritar quando falta a voz...
Em tempos onde tudo é dito, o grito vira eco na multidão de palavras... Às vezes guardo gritos e discursos, como se não tivesse nada que mais dizer ou acrescentar entre tantas vozes... Gritamos pq somos muitas mas quando falamos ouvidos fingem demência onde é ciência, é fato exposto, fratura exposta... Queremos respostas! Queremos respostas! Pra onde vão as denuncias? O que fazemos com esse eco, gritamos, gritamos, gritamos, quem nos ouve???... Pra quem gritamos???... Gritamos a nós mesmas, estejamos alertas, tanta mentira, tanta guerra bruta, a gente põe a cara na rua, a gente tira a cara do tapa, que em cima de mim mão nenhuma se atraca, a gente recupera o corpo, tudo nosso nos pertence, não somos objetos de doentes, a nossa voz nos pertence; temos gritado, vamos gritar, mas gatas, vamos nos cuidar... De mãos dadas, sigamos. Mesmo que divergentes, jamais dispersas... É guerra. E tem guerreira de voz negada levando bala por ousar falar na cara. Na voz que silencia, a gente engasga... Eu não tenho voz pra falar dessa causa, eu abraço as vozes que gritam e se multiplicam dilaceradas... E dói. E dor a gente não quer conhecer, mas nessa vida tem sido assim, dela a gente se reconstrói pra construir, nem que antes tenhamos que meter o pé pra demolir isso que tá aí, prendendo a nossa voz. Não adianta, agora é nossa vez... E mesmo que eu não consiga dizer, vem comigo mais três, mais seis, mais cem, mais mil, milhões.... Somos muitas, em luta, ainda que de luto.
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